O objetivo deste artigo é examinar como Montaigne retoma, na sua crítica das filosofias morais e, especialmente, da existência de leis naturais, a proposta por Sexto Empírico acerca do mesmo tema ao final das Hipotiposes Pirronianas. Pretendo mostrar que, para além das consideráveis similaridades, o modo como Montaigne relaciona razão, natureza e costume, confere um perfil próprio à sua reconstrução do pirronismo, particularmente visível na sua compreensão da oposição entre critério de verdade e critério de ação. Igualmente, sustento que essa distinção, proveniente do pirronismo, ocupará um lugar central na sua reflexão moral.
The aim of this paper is to investigate how Montaigne adopts, in his own discussion of moral philosophies (and, in particular, of the proponents of natural laws), Sextus Empiricus' criticism on the same topic, as exposed in his Outlines of Pyrrhonism. I want to show that, besides the deep similarities we can find between them, Montaigne's peculiarities show themselves throughout his way of dealing with relations between reason, costume and nature, as well as in his interpretation of the opposition between a criterion of truth and a practical criterion. I maintain also that this Pyrrhonism notion occupies a prominent place in his moral reflections.